Estudos realizados em todo o mundo vêm comprovando que as pessoas com obesidade são mais propensas a desenvolver depressão. Os dados do National Center for Health Statistics, dos Estados Unidos, apontaram que cerca de 43% dos casos de depressão do país eram de pessoas consideradas obesas.
O mesmo relatório demonstrou, ainda, que 55% de quem tomava antidepressivos também sofria com a doença de sobrepeso. Já conforme o Journal of the American Medical Association, 25% de quem buscava uma cirurgia bariátrica apresentava sinais da depressão. Muitas outras pesquisas científicas e comportamentais também apontam nesse sentido.
O que faz ambas se relacionarem?
As explicações variam. Aspectos genéticos, como a predisposição para ganhar peso e a dificuldade em perdê-lo, além de características psicológicas, como ter na comida um subterfúgio para superar o isolamento social, são as causas mais comuns dentre os pacientes que possuem ambas as patologias. Mas outros problemas pessoais também podem influir nesse sentido.
O 1º ponto é a dificuldade em reduzir o que aparece na balança, principalmente quando há altos níveis de leptina no corpo, hormônio que regula o apetite e o metabolismo. Com o quadro depressivo e uma alimentação desbalanceada, o ganho de peso do indivíduo é muito alto em relação ao de pessoas de outros grupos que também desenvolveram depressão, segundo a pesquisa Psychiatric GWAS Consortium.
Mas não apenas os pacientes com predisposição hereditária desenvolvem a depressão nesse sentido: pessoas com um metabolismo padrão, também aumentam o apetite em determinados quadros depressivos. A falta de regulação do quanto e do que se come é o principal ponto, pois a depressão causa isolamento social, apatia na tomada de decisões e ações por impulso.
Obesidade e depressão: um pode causar o outro
Apresentando essas características ímpares, uma doença, no entanto, não é necessariamente consequência da outra. Pelo contrário: estão mais relacionadas como causas mútuas. Ou seja, não dá para afirmar que a depressão surge com a obesidade e vice-e-versa. Ambas aumentam a possibilidade de se desenvolver, conjuntamente, a outra doença.
Tratamento deve visar às 2 doenças
Como não se trata apenas de uma patologia, é preciso tratar a depressão e a obesidade de forma simultânea. Isso significa que há a necessidade de acompanhamentos psicológico, físico e nutricional. O 1º passo é identificar a origem do problema e em qual das 2 doenças está essa raiz que desencadeou todo o processo.
Na sequência, as atividades físicas contribuem nos 2 sentidos – ajudam a diminuir o peso e têm uma função psicoterapêutica, principalmente em quadros de fobia social causados pela depressão. O 3º – e muitas vezes mais difícil passo – é eliminar maus hábitos e readequar a alimentação.
Em todo o processo, novamente aponta a literatura médica nesse sentido, é preciso o acompanhamento constante – principalmente pelas “recaídas” e pelo desânimo do paciente ao não ter resultados imediatos. Contudo, o cenário é otimista nesse sentido: ao superar um dos problemas, a outra doença também desaparece quase que mutuamente.
Outras opções ajudam a melhorar a qualidade de vida: cirurgia bariátrica para a autoestima, grupos de apoio a portadores de depressão e/ou obesidade e até tratamentos hormonais para quem tem problemas de regulagem do metabolismo.
Por fim, vale destacar que a má alimentação e a falta de vitaminas e outros minerais podem causar problemas sérios no cérebro – um dos principais fatores da depressão e da consequente obesidade.
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